Na maioria dos postos, o recenseamento eleitoral vai bem. Não são reportados casos graves que obriguem à paralisação do processo. Fora os já habituais casos de avarias das máquinas e falta de corrente eléctrica, há histórias inéditas narradas pelos nossos correspondentes espalhados um pouco por todo o país, que vale a pena partilhar com os nossos leitores….
Funcionários públicos forçados a recensearem-se em postos exclusivos
A lei estabelece que todo cidadão deve recensear-se no posto mais próximo da sua casa, mas um pouco por todo o país, funcionários públicos, sobretudo professores, recebem instruções para se recensearem em determinados postos, mesmo que não estejam localizados próximos das suas residências. Geralmente, tais instruções são emitidas e controladas pelas direções das escolas onde os professores estão afectos. Acredita-se que estes comandos ilegais visam controlar o voto dos professores.
Em Inhassunge, Zambézia, no posto nº 547, na EPC Eduardo Mondlane, todos os professores receberam ordens para recensear-se e apresentar o cartão de eleitor ao director da respectiva escola.
Casos desta natureza não são novos naquela escola, apurou o Boletim. Em 2018, aquando das eleições autárquicas, os mesmos professores foram obrigados a registarem-se em Quelimane, no posto instalado no Instituto Industrial.
Ainda na Zambézia, no distrito de Molumbo, localidade de Massilone, funcionários do Estado receberam instruções para recensearem-se no posto de Nantuto, o único existente naquele povoado. Muitos destes trabalham em Massilone, mas residem na vila-sede (Molumbo).
No distrito de Macate, Manica, professores da EPC de Marera foram obrigados pelo director a actualizarem os cartões de eleitor no posto instalado naquela escola, reportam os nossos correspondentes. Um dos professores cuja identidade não será revelada por razões óbvias disse ao Boletim que o director terá recebido ordens superiores para tomar a decisão. Entretanto, muitos dos funcionários exercem as suas actividades em Macate e, no final do dia, regressam.
Comida pelo recenseamento para vítimas do Idai
No distrito de Nhamatanda, uma das áreas severamente afectadas pelo ciclone Idai, líderes comunitários obrigam a população a exibir o cartão de eleitor para ter acesso aos donativos destinados às vítimas do ciclone. Quem não tiver recenseado, simplesmente não recebe os insumos. Por conta da política implementada nesta quarta-feira, houve uma afluência considerável de eleitores aos postos de recenseamento, a partir desta quinta-feira, reportam os nossos correspondentes.
Leões de Gorongosa paralisam recenseamento
Leões e hienas provenientes do parque de Gorongosa estão a limitar recenseamento no povoado de Nhamanguquere, Distrito de Dondo, cerca de 10 Km do parque. As brigadas móveis que deviam instalar a povoação não estão a circular por temer ataque de leões. Desde sábado último, nenhum eleitor foi inscrito porque os brigadistas temem deslocar-se para o povoado.
A circulação de animais selvagens do Parque Nacional de Gorongosa é comum naquele povoado. O assunto já é do conhecimento do STAE e do Governo local, os quais solicitaram, a 6 de Abril, uma intervenção por parte direção do parque.
“Pedimos a direcção do parque para afugentar os animais”, disse Manuel Samo, director do STAE no distrito de Dondo, que de seguida explicou que o recenseamento continuará paralisado naquele povoado até que o problema seja resolvido.