A província de Nampula, o maior círculo eleitoral do país, está com níveis de recenseamento muito baixos. Apenas 67% dos cerca de 1,7 milhão de eleitores foram inscritos até ao dia 26 de Maio, 6% abaixo da média nacional no mesmo dia, que é de 74%. No último dia, nossos correspondentes reportam dezenas de postos com máquinas avariadas ou com falta de material, impossibilitando a inscrição de novos eleitores.
No Distrito de Monapo, o recenseamento está paralisado em quatro postos, hoje, último dia da inscrição. Trata-se dos postos de EPC de Mulutine, EPC Monapo-Rio e EPC Nova-Cuamba, EPC de Nachicuva. Nossos correspondentes reportam avaria de impressoras e/ou falta de toner para imprimir os cartões.
Na Cidade de Nampula, o mobile ID do posto de recenseamento da EPC Parque Popular não aceitava registar novos eleitores na manhã de hoje. Era possível apenas imprimir cartões de pessoas já recenseadas. Ainda nesta cidade, nos postos das EPC de Namutequeliua, Belenenses, Muegane, Serra da Mesa, Mutomote e do Campo dos Makondes não havia recenseamento hoje devido a avaria de mobiles ID. No posto da EPC de Muatala a impressora está avariada desde o último domingo.
No posto de recenseamento da EPC da Barragem, os brigadistas informavam os eleitores que não há sistema para efectuar registo. Entretanto, no mesmo posto eram recenseados alunos e professores do Instituto de Formação de Professores de Nampula (IFPN), gerando descontentamento entre os presentes.
No posto de recenseamento da EPC de Mutauanha os eleitores eram recenseados sem receber os respectivos cartões alegadamente porque não havia toner para a impressão.
Em Nacala a Velha, a brigada móvel instalada em Muamula, tem equipamento avariado e sem eleitores.
Na cidade de Nacala Porto, o posto de recenseamento localizado na EPC da Cidade-Alta, após duas semanas consecutivas com recenseamento paralisado, ontem foi realizada a manutenção da máquina e só trabalhou 7 horas. Às 14 horas avariou novamente. Até hoje, o posto está sem recensear cidadãos. Pela manhã havia uma fila de aproximadamente 150 eleitores.
Ainda em Nacala Porto, o posto de recenseamento da EPC Maiaia está com recenseamento paralisado há três dias. Segundo o supervisor do posto, a manutenção do equipamento avariado estava agendada para a última segunda-feira (27 de Maio) mas, até hoje nada foi feito.
Em Mogincual, o posto de recenseamento eleitoral localizado na comunidade de Namiripiline está sem funcionar há 3 dias devido a avaria do mobile.
Polícia dispara arma de fogo para dispersar eleitores
No posto de EPC Josina Machel de Nacala -a – Velha, a enchente era tal que a Polícia foi forçada a disparar armas de fogo para dispersar os cidadãos aglomerados nas filas.
A maioria dos cidadãos aglomerados eram trabalhadores de empresas privadas sedeadas no distrito, que tiveram dispensa na quarta-feira para se recensearem.
Em Nacala Porto o posto de recenseamento eleitoral da Escola Secundaria de Nacala Porto abriu na hora certa, e com cerca de 100 pessoas na fila.
Comunidades ainda não abrangidas pelo recenseamento na Zambézia
Até ao último dia do recenseamento eleitoral, algumas comunidades ainda aguardavam pela chegada das brigadas móveis para se recensear. O STAE criou cerca de 5 mil brigadas para atender mais de 7,7 mil postos, o que significa que mais de 2,7 mil brigadas são móveis. Há também casos de postos com equipamento avariado desde o primeiro dia.
No Distrito de Inhassunge, os residentes do povoado de Yongone ainda não foram abrangidos pelo recenseamento. A brigada móvel que deveria fazer o registo de eleitores que aí residem ainda não se dirigiu àquele povoado.
Em Morrumbala, os postos do povoado de Nombo e EPC de Bene, no posto administrativo de Chire, estão com as actividades paralisadas desde o início do recenseamento devido a avaria no mobile ID e intransitabilidade das vias de acesso. O STAE local prometeu reparar o equipamento mas, até o momento nenhuma acção foi tomada nesse sentido.
População boicota recenseamento em Manica
Perto de oitenta e três famílias do povoado de Dororo, localidade de Chitunga, Manica, recusam-se a recensear para as eleições de 15 de Outubro. Em causa está a insatisfação da população local com o Governo, que deixou não resolveu um caso de conflito com uma empresa local de compra de produção agrária.
Na altura, a empresa Ferro-Ferragem, Lda teria comprado 51 666 66 kg de feijão dos agricultores no valor de 100 000 meticais, prometendo pagar em cheque. Entretanto, o cheque que foi emitido pela empresa em nome do representante da associação dos agricultores locais, Amone Macufa, não tinha cobertura.
Os agricultores submeteram o caso às autoridades locais. Entretanto, até o momento o caso ainda não teve um desfecho satisfatório.
A população que esteve reunida no passado sábado (25 de Maio), prometeu não recensear até que o governo resolva o caso. O Boletim apurou que a brigada móvel da EPC de Ganhira que esteve a trabalhar junto àquele povoado na semana passada não registou nenhum eleitor até à sua saída.