As províncias de Gaza, Maputo e Tete, consideradas zonas de influência da Frelimo tiveram grande aumento de brigadas de recenseamento de 2014 para 2019. Noutro extremo, as províncias de Nampula, Zambézia e Manica, que são historicamente bastião da oposição, tiveram baixo aumento de brigadas de recenseamento. A constatação é de Domingos do Rosário, pesquisador especialista em eleições do EISA – Instituto Eleitoral para a Democracia Sustentável em África, em artigo publicado hoje na newsletter institucional.
Um quadro comparativo mostra que a província de Maputo teve o maior aumento de brigadas de recenseamento. Passou de 442 brigadas em 2014 para 646 este ano, um crescimento de 46,2%. Gaza teve o segundo maior aumento, passando de 541 brigadas em 2014 para 726 brigadas em 2019, um aumento de 34,2%. Tete aumentou em 10,6% as brigadas, ao passar de 905 em 2009 para 1001 este ano.
Por sua vez, Zambézia – 8.1%, Manica – 9,06% e Nampula – 16,6%, tiveram tiveram baixo aumento de brigadas. A média nacional de aumento de brigadas de 2014 para 2019 é de 15,5%, segundo o EISA.
Cada brigada em Gaza deve recensear 792 pessoas, enquanto cada brigada em Nampula deve recensear 1598 pessoas – o dobro do número. Cada brigada em Inhambane deve recensear apenas 686 pessoas, enquanto cada brigada em Sofala deve recensear 1228. E Zambézia não só tem muitos postos fechados, como também tem menos brigadas – cada uma deve recensear1001 pessoas, segundo o estudo do EISA.
“Se a priori este crescimento global de 15,5% de brigadas/postos justifica-se em função do crescimento da população durante os últimos 5 anos, uma análise mais detalhada e circunstanciada das percentagens de aumento de brigadas em cada círculo eleitoral revela achar-se presente uma grande disparidade não só entre as diferentes províncias, mas também entre os distritos dentro das províncias”, refere o artigo.
“Este foi o mecanismo encontrado pelo STAE para registar mais eleitores em regiões sobre forte domínio do partido que controla o Estado, em detrimento das regiões sob controlo da oposição, o que tem contribuído, significativamente, para a manipulação do recenseamento eleitoral de 2019”, conclui.
O artigo indica que com brigadas mais dispersas em zonas de influência da oposição será mais difícil recensear eleitores agora e durante a votação será difícil controlar os postos dispersos, tanto pelos partidos como pela sociedade civil.
O artigo completo está disponível em http://bit.ly/ElGer-EISA-4.