A campanha eleitoral nos distritos alvos de ataques em Cabo Delgado está praticamente restrita às vilas-sede distritais e mesmo aqui a meio gás. A actuação muito activa dos insurgentes têm sido a principal causa da franca campanha dos distritos de Quissanga, Macomia, Meluco, Nangade, Mocímboa da Praia e Palma.
Desde o início de campanha há 19 dias foram confirmados pelo menos cinco ataques nestes distritos. O primeiro foi no dia 31, no lançamento da campanha, em Macomia. Outros ataques foram registados nos dias 2, 3, 10 e 14 de Setembro em outros distritos. Ao todo morreram onze (11) pessoas e centenas de casas foram incendiadas. Em média houve um ataque em cada 2 dias desde o início da campanha e isso está a desmobilizar as pessoas.
Para além de Quiterajo, Macomia, outros ataques ocorreram na aldeia de Chitunda, distrito de Muidumbe e no posto administrativo de Mbau, e na aldeia de Marare, ambos em Mocímboa da praia.
O mais recente caso foi nesta segunda feira, 16 de Setembro, na aldeia Marere, distrito de Mocímboa da Praia. Três suspeitos de insurgentes, um armado com uma AKM, e os outros dois munidos de catanas foram vistos a circular e população comunicou a militares que de imediato mobilizaram uma equipa para a aldeia donde disparou morteiros e bazucas em direcção da zona para onde os supostos insurgentes se teriam deslocado. O caso gerou medo e a população abandonou a aldeia.
Agressões, intimidações e casas incendiadas no centro do país
A campanha eleitoral na região centro do país está a conhecer casos de extrema violência, com intimidações e agressões físicas entre simpatizantes dos três principais partidos, Frelimo, Renamo e MDM, incluindo casas incendiadas por rivalidades políticas.
Na Zambézia, o presidente do Conselho Autárquico de Gurué, José Aniceto, acusou a oposição de incendiar 7 casas no bairro da Unidade de Produção nº 6, falando à população na manhã de Domingo (16). As casas foram incendiadas na noite de sábado 14 de Setembro.
Em Tete, um caso semelhante ocorreu no distrito de Marávia, onde desconhecidos incendiaram a residência de um professor, 30 anos, na noite de Domingo (15 de Setembro). O caso deu-se na localidade de N`tayansupa, há quilómetros da vila-sede. As chamas consumiram todos os bens da vítima, apurou o Boletim. Entretanto, membros da Frelimo acusam a Renamo de estar por detrás do ocorrido.
Outro caso deu-se na mesma província no distrito de Changara, onde desconhecidos atearam fogo à casa do delegado do MDM, Anselmo Labsone, na primeira semana da campanha eleitoral. Segundo apurou o Boletim, o caso deu-se depois de o delegado ter recebido ameaças do secretário do bairro Roberto Mugabe.
No distrito Manica, na província com o mesmo nome, simpatizantes do MDM e Frelimo envolveram-se em pancadaria nesta segunda-feira quando as caravanas dos dois partidos cruzaram-se na rua do mercado central. Segundo apurou o Boletim, a caravana do MDM passou defronte à sede da Frelimo, o que terá incomodado os simpatizantes deste partido que se atiraram contra os rivais. A intervenção da Polícia evitou danos maiores.
Ainda no mesmo distrito, um simpatizante da Renamo foi agredido por homólogos da Frelimo durante uma confusão ocorrida ontem no posto administrativo de Mavonde, quando uma caravana da Renamo foi surpreendida por simpatizantes da Frelimo que se fizeram ao local.
No distrito de Bárue, Manica, líderes comunitários na localidade de Honde, proíbem a população local de se juntar à Renamo alegando que, quem se aproximar da caravana daquele partido, será expulso da comunidade. Por conta disso, a maioria da população recusa-se a receber membros da Renamo em suas residências durante a campanha porta-a-porta.
ND enfrenta dificuldades para credenciação de delegados de candidatura em Gaza
O candidato a deputado pela Nova Democracia (ND) em Gaza, Félix da Silva, acusa as Comissões Distritais de Eleições (CDE’s) da província Gaza de recusar a recepção dos expedientes para a credenciação dos seus membros como delegados de candidatura para as eleições de 15 de Outubro.
Segundo Félix da Silva, o partido enfrenta uma série de dificuldades para a submissão do expediente de pedido de credenciais para os delegados de candidatura em Gaza.
“Enquanto os seus comparsas da Frelimo recolhem cartões de eleitores, por sua vez as CDE’s da província recusam-se a receber o expediente do nosso partido referente ao pedido de credenciação dos delegados de candidatura” disse da Silva.
De acordo com o n⁰ 1 do artigo 56 da Lei n⁰ 2/2019, de 31 de Maio, os partidos políticos concorrentes às eleições designam os respectivos delegados de candidatura, um efectivo e um suplente, para cada mesa da assembleia de voto, remetendo os seus nomes às comissões de eleições provinciais, distritais ou de cidade para efeito de credenciação.