Desde o começo da campanha eleitoral nossos repórteres um pouco por todo o país reportam casos de falta de imparcialidade, excesso de zelo e inacção por parte de agentes da Polícia, favorecendo sempre os simpatizantes da Frelimo.
No distrito de Balama, Cabo Delgado, agentes da Polícia que escoltavam a caravana da Frelimo quarta-feira dia 18 no povoado de Mualia, assistiram a um caso de agressão movido por simpatizantes da Frelimo contra um simpatizante da Renamo em seu estabelecimento comercial por este ostentar panfletos da Renamo. Os agentes da Polícia que estavam no local não intervieram para repor a ordem. A vítima contraiu ferimentos ligeiros como resultado do espancamento.
No distrito de Manica, na província com o mesmo nome, a Renamo queixa-se de não estar a beneficiar de escolta policial nas suas deslocações pelas localidades de Chadzuca e Mundonguara, a 30 quilómetros da sede do distrito. “A nossa caravana desloca-se sem acompanhamento da Polícia mesmo depois de termos entregue o nosso programa às autoridades policiais”, disse o delegado da Renamo ao Boletim.
No distrito de Morrumbene, Inhambane, o MDM e a Renamo não têm sido escoltados pela polícia durante a campanha. Entretanto, nas suas deslocações pelas localidades, as caravanas da Frelimo são acompanhadas por 4 agentes da Polícia.
No distrito de Bilene, Gaza, a Polícia se recusa a escoltar caravanas do MDM quando solicitada pelo partido, denunciou ao Boletim o delegado do partido no distrito, Leonardo Macave.
No distrito de Gurué, Zambézia, um simpatizante da Renamo foi brutalmente espancado por dois agentes da Polícia quando regressava das actividades da campanha eleitoral alegadamente por não trazer consigo o seu Bilhete de Identidade, na tarde do dia 14 de Setembro. Andar sem Bilhete de Identidade não é crime.
No distrito de Mutarara, Tete, dois simpatizantes da Renamo foram feridos e evacuadas para o posto de Saúde de Inhangoma para receber cuidados hospitalares, após terem sido agredidos por simpatizantes da Frelimo durante a campanha eleitoral, na terça-feira, 17 de Setembro. O caso, foi remetido à Procuradoria do distrito de Mutarara para o seguimento e não há detidos, embora a Polícia tenha presenciado as agressões.
Chefe das Operações sacrificado por escoltar caravana da Renamo
Agindo fora do padrão discriminatório da Polícia, Francisco Patrício, até então Chefe das Operações do Comando da PRM afecto ao distrito de Macossa, foi afastado do cargo e transferido para a cidade de Chimoio, depois de ter escoltado a caravana da Renamo que fazia campanha no distrito.
Ouvido pelo Boletim, o agente diz desconhecer as razões por detrás do seu afastamento.
“Não tenho nenhuma informação sobre as motivações do meu afastamento”, disse Patrício.
Entretanto, segundo apurou o Boletim, o afastamento do agente ocorre após uma série de reclamações de membros seniores da Frelimo pelo facto do agente ter escoltado uma caravana da Renamo que fazia campanha no distrito.
No dia 10 de Setembro, caravanas da Frelimo e Renamo cruzaram-se na ponte de Mucombedzi no distrito. Na ocasião, o Chefe das Operações deu prioridade a caravana da Renamo para atravessar, tendo gerado algum descontentamento por parte dos simpatizantes da Frelimo que o acusaram de estar a servir interesses da Renamo, reportam os nossos correspondentes.
Dois dias depois, Patrício viria a ser aconselhado a deixar o cargo pelo Comandante provincial da PRM e pelo Director da Ordem Pública em Manica, devido a suposta pressão vinda do comité provincial da Frelimo.
“A Renamo pediu proteção e eu apenas cumpri com o meu dever”, disse o Chefe das Operações referindo-se ao episódio. “Fiz tudo o que podia para que as coisas não corressem mal, mas se eu for sacrificado por isso, será em vão”, acrescentou.
O Chefe das Operações teria também recusado uma ordem da Frelimo para retirar bandeira e cartazes da oposição no mercado da vila de Macossa, apurou o Boletim.
“Não fiz nada de mal, agi em conformidade com a lei”, comentou Patrício.