Agora é oficial: quatro dos cinco indivíduos que assassinaram ontem Anastácio Matavele, um líder de missão de observação eleitoral em Gaza, são agentes da unidade especial da Polícia, conhecida por Grupo de Operações Especiais, confirmou hoje o Comandante Geral da Polícia em comunicado de imprensa.
Como consequência do envolvimento dos agentes da Polícia no assassinato, dois comandantes da Polícia da província foram suspensos das suas funções e foi criada uma comissão de inquérito para esclarecer o caso.
“Face ao homicídio qualificado perpetrado por 5 indivíduos, sendo 4 agentes da Polícia da República de Moçambique, afectos a subunidade de Intervenção Rápida-Gaza, em serviço no Grupo Operativo Especial e um civil, todos devidamente identificados nos autos (…) o Comandante Geral da Polícia, Bernardino Rafael, ordenou a suspensão do comandante da Unidade de Intervenção Rápida de Gaza e Comandante do Grupo de Operações Especiais de Gaza e criou uma comissão de inquérito que tem o prazo de 15 dias para apresentar um relatório pormenorizado sobre o facto”, lê-se no comunicado.
Anastácio Matavele, voz activa da sociedade civil em Gaza, liderava a missão de observação de eleições da Sala de Paz. Foi assassinado quando saia de uma formação de observadores eleitorais, na cidade de Xai-Xai. Depois de atirar contra a vítima, os assassinos puseram-se em fuga a alta velocidade numa viatura ligeira que minutos depois embateu em outras viaturas e capotou. Parte dos assassinos morreram no acidente, outros contraíram ferimentos e um escapuliu-se.
A província de Gaza é hostil à oposição e a sociedade civil. Os candidatos da oposição são atacados por simpatizantes da Frelimo, incluindo os casos de casas incendiadas.
A União Europeia considera o assassinato de Matavele “um acto de desrespeito para com o povo moçambicano e o seu direito legítimo de participar no processo democrático”.
Por sua vez, a embaixada dos Estados Unidos em Maputo condenou o assassinato, considerando que “a justiça e credibilidade dos resultados das eleições dependem da capacidade de todos os eleitores Moçambicanos, candidatos e observadores de participar em todas as fases de um processo eleitoral seguro, sem restrições e livre de hostilidades”.