A primeira semana de recenseamento eleitoral foi marcada por problemas, conforme reportado nas edições anteriores deste Boletim. O Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) reconheceu hoje estes problemas mas diz que está satisfeito com a afluência dos eleitores aos postos de recenseamento, que permitiu o alcance de 75% da meta planificada para a primeira semana.
O STAE disse que recenseou de 15 a 21 de Abril 941 601 eleitores, representando 12,8% do total planificado até ao fim do processo. “Este número é satisfatório e mantendo este nível de registos, no final do período teríamos um cumprimento da meta em 84%”, disse Cláudio Langa, porta-voz do STAE, falando em Maputo na primeira conferência de imprensa realizada pelo órgão para o balanço do processo. A meta global é de recensear 7 341 736 eleitores até ao dia 30 de Maio.
Apenas 5% em Sofala
A província de Sofala está muito abaixo da média nacional de recenseamento na primeira semana. Com previsão de inscrever 521 950 eleitores, apenas 30 262 foram inscritos na primeira semana, representando 5,8%, quando a média nacional é de 12,8%. Por detrás deste baixo nível estão, certamente, problemas criados pelo ciclone Idai que alagou vias de cesso, destruiu fontes de energia eléctrica e inundou bairros inteiros, forçando a deslocação das populações. Nos distritos afectados pelo ciclone em Sofala, em muitos postos ainda não começou o recenseamento.
A província de Cabo Delgado, com 22% de eleitores inscritos, lidera as províncias com maior afluência. Inhambane (15%), Manica (15%), Nampula (14%) também superaram a média nacional de afluência.
“Nos distritos com autarquia, onde houve recenseamento o ano passado, a afluência é muito baixa”, referiu Langa.
Cerca de 10% dos postos sem recenseamento
O STAE confirmou que em muitos postos ainda não iniciou o recenseamento ou se iniciou depois foi paralisado. A falta de energia eléctrica, avaria das máquinas, efeitos do ciclone Idai são os principais problemas, como temos vindo a reportar nas edições anteriores.
No total foram criados 7 737 postos em todo o país e aproximadamente 700 não operaram na primeira semana. A província da Zambézia lidera a lista com 321 postos sem recenseamento. Segue-se Sofala, com 200 postos, Gaza com 34 postos e outras províncias com menos de 30, de acordo com dados do STAE.
45% dos mobiles são antigos
A avaria das máquinas é um dos principais problemas reportados pelos nossos correspondentes nos primeiros 10 dias do recenseamento. Suspeita-se que o estado obsoleto das máquinas pode ser a causa das avarias constantes. Cláudio Langa disse que dos 5 400 mobiles, 3 mil são novos. Os 2 400 restantes foram usados no recenseamento de 2013/14 e estão a ser reutilizados agora, legitimando assim a hipótese de que não estejam em condições de suportar a demanda.
No entanto, Cláudio Langa diz que as máquinas antigas foram alocadas para os distritos com autarquias, onde a demanda espera-se seja menor. “A principal causa das avarias são os geradores, que fornecem carga desproporcional aos Mobile e isso danifica as impressoras”, disse Langa.
O STAE vai distribuir 3 mil kits de painéis solares para fonte de energia dos mobiles e neste momento 2 mil kits já foram distribuídos. O órgão poderá, ainda, criar centros para o carregamento dos mobile em locais com acesso à corrente elétrica.
Um dos problemas reportados pelo Boletim é o caso de brigadistas que se fazem aos postos sem o uniforme. Langa disse que o STAE está preocupado com o facto, contudo, alega que questões logísticas estão a dificultar o transporte do uniforme de Maputo para os distritos.