Na primeira semana do recenseamento eleitoral, Cabo Delgado foi a província com melhor desempenho: 22% de eleitores inscritos. Depois veio o ciclone Kenneth acompanhado de chuvas torrenciais, que deixou casas, estradas, pontes, rede eléctrica destruídas. Os postos de recenseamento foram forçados a encerrar um dia antes da chegada do ciclone para não danificar os equipamentos. Os ventos pararam e a chuva abrandou, mas muitas pessoas ainda estão em busca de abrigo e ninguém se vai recensear, mesmo nos postos já reabertos.
A cidade de Pemba, não sofreu muito com o ciclone, mas a chuva que veio a seguir, inundou a cidade e deixou milhares desalojados e dezenas de mortes. Na noite de Domingo, a lixeira municipal localizada no meio de um bairro residencial desabou e soterrou dezenas de casas. Suspeita-se que há corpos ainda debaixo dos escombros.
Na manhã de Segunda-feira, alguns postos de recenseamento reabriram em bairros de Pemba, como Cariacó, Gingoni, Ingonani, Mahate, mas nenhum eleitor foi se recensear, reportam nossos correspondentes.
A experiência do ciclone Idai em Sofala mostra que é preciso muito tempo para a retoma da vida normal em regiões severamente afectado. Um mês e meio após a passagem do Idai, ainda há postos à espera do início de recenseamento em Sofala, por um lado. Por outro, a população está preocupada em reconstruir suas casas.
Outros distritos
Não é só em Pemba que o recenseamento está paralisado há quase uma semana.
No Distrito de Muidumbe, devido à acção das chuvas na meia noite de Sábado, a vila sede distrital ficou sem acesso à corrente elétrica. Em localidades como Mambula e Muatide, milhares de casas ruíram devido à chuva e muitas famílias estão ao relento.
Os postos de recenseamento da EPC de Mambula e Escola Secundária Ziwaka Sabini ficaram parcialmente destruídos pelo ciclone. “Neste momento os postos não têm chapas nem acesso à corrente elétrica”, disse nosso correspondente.
O equipamento destinado ao registo de eleitores naqueles postos foi retirado dias antes para um local seguro, reportou o nosso correspondente.
Em Muatide, um correspondente do Boletim testemunhou, na meia noite de Sábado (27 de Abril), o desabamento das paredes da própria casa. “Saí com a família e abriguei-me em casa de um amigo”, disse.
O posto da EPC de Muatide, o único naquela localidade, foi afectado pelo ciclone e “ficou totalmente destruído”, reporta, nosso correspondente.
Entretanto, o material destinado ao registo dos eleitores ficou salvo, uma vez que este é mantido na casa do chefe do posto administrativo.
Por causa das chuvas torrenciais, a população local não tem como deslocar-se de um lugar para o outro para adquirir bens de consumo básicos. “Desde a meia noite de ontem (27 de Abril) que a chuva não pára, estamos sem corrente elétrica, as estradas estão intransitáveis e o mercado encerrado desde ontem”, descreve o nosso correspondente.
Tanto em Muatide como em Mambula, há oscilação nas redes de telefonia móvel, o que torna difícil estabelecer contacto com os residentes. Para carregar os telemóveis, a população local recorre a painéis solares, muitos dos quais não transmitem energia devido às temperaturas baixas que se registam nestes dias.
Em todo o distrito não houve recenseamento entre quinta e segunda-feira.
Distrito de Macomia foi o ponto de entrada do ciclone Kenneth. Milhares de casas reduzidas a nada, infraestruturas públicas como escolas, hospitais e estradas destruídas e acesso condicionado à energia eléctrica. Todos postos de recenseamento encerrados desde Quarta-feira da semana passada.
Distrito de Mocímboa da Praia, mais a norte de Macomia, foi também severamente afectados pelo ciclone. As chuvas que caíram na madrugada de Sábado, intensificaram-se até à tarde desta Segunda-feira. Como resultado da acção dos ventos, algumas aldeias como Ulo, Nazimodja, Muengaza, foram severamente afectadas.
Há registos de casas destruídas tanto nas localidades como na sede do distrito. Famílias inteiras cujas casas foram destruídas estão abrigadas nas escolas 30 de Junho e Januário Pedro. Nenhum eleitor recenseou entre Quinta e Segunda-feira devido as chuvas. A nível do distrito, todos postos estão fechados e não há, até o momento, previsão de abertura.
Distrito de Palma, no extremo norte da província e do País, foi poupado pelo ciclone mas severamente atingiu pelas chuvas. Muitas famílias estão desalojadas e abrigam-se agora na EPC Boa Viagem e na Escola Sede 16 de Junho. A previsão das autoridades locais é de que o recenseamento retome nesta terça-feira.
Distrito de Montepuez, mais a sul, escapou dos ventos fortes do Kenneth mas está a ser abalado por chuvas intensas que estão a afectar a afluência dos eleitores aos postos. Nesta Segunda-feira praticamente não houve recenseamento em postos como o da EPC de Namihuro e Metuge, posto nr 352, no bairro 07 de Abril e o da a EPC de Taratara.
Alguns dos nossos correspondentes do distrito de Macomia, Nangade, Quissanga e Ibo foram directamente afectados pelo ciclone. Muitos destes não estão comunicáveis desde o fim de semana último devido, em parte, a falta de corrente elétrica para carregar telemóveis e à inoperância das redes de telefonia móvel.
A província de Nampula é, também, uma das afectadas pelo ciclone. As chuvas intensas que se fazem sentir um pouco por todos os distritos estão a condicionar o registo de eleitores em vários postos, nossos correspondentes reportam.
No distrito de Malema, um número considerável de postos como os da EPC de Malema e da Escola Primária de Macone, não abre desde Quinta-feira por causa das chuvas que assolam o distrito. O mesmo sucede no distrito de Mongincual, nos postos de recenseamento de Namalungo, Quixaxe e Mukhuluvelane. No distrito Meconta no posto de Imputo Velho, onde há registo de casas inundadas e residentes que perderam grande parte dos seus bens.
No distrito de Nacala Porto, não há recenseamento em postos como da EPC Miramar, EPC da Cidade Alta, EPC de Micajune, reportam os nossos correspondentes. Entretanto, na Ilha de Moçambique, o recenseamento retomou, nesta segunda-feira não obstante as chuvas que assolam o distrito. Ainda na Ilha, dos 15 postos existentes, 8 postos trabalham em zonas que estão inundadas, o que leva a fraca afluência por parte dos eleitores.