Em conferência de imprensa no dia 24 de Abril, a Renamo elencou uma série de problemas que estariam a condicionar o recenseamento eleitoral. Como consequência, exigiu a “demissão imediata” do director-geral do STAE. É verdade que o recenseamento tem tido sérios problemas como temos vindo a reportar, mas nem tudo o que a Renamo disse à imprensa é verdade.
O Boletim, que tem correspondentes em todos os distritos, tem se dedicado a verificar a veracidade dos factos levantados sobre as eleições como parte de compromisso para combater fake news. Verificamos a veracidade dos problemas levantados pela Renamo e há muitos exageros.
+ “No Distrito de Mocuba com cerca de 40 postos, apenas funcionam 18 e com muitas dificuldades”, disse o André Magibire, Mandatário Nacional da Renamo.
– O Boletim verificou esta informação e apurou que no distrito de Mocuba estão instalados 70 postos de recenseamento, dos quais 13 estão localizados na autarquia de Mocuba. Os nossos correspondentes confirmam a existência de dificuldades em postos como Chingoma, e postos da EPC de Cubeliua, EPC de Viriela, EPC de Raraga e EPC de Ceta, um pouco distantes da autarquia. Portanto, a informação da Renamo não é completamente correcta.
+ “NO Posto Administrativo de Maroeira, Distrito de Marávia, o administrador do Distrito andou a arrancar os cartões de pessoas já recenseadas por suspeitar que sejam estrangeiros”, afirmou o mandatário da Renamo.
– O Boletim verificou esta infirmação e apurou que na verdade o líder comunitário de Maroeira ajudou três cidadãos de nacionalidade zambiana a recensearem-se sem documentos, mas com base em testemunhos. A população local reportou o assunto ao STAE distrital que, à mando do administrador do distrito, solicitou os cartões de eleitor dos cidadãos supostamente zambianos e encaminhou o assunto ao tribunal onde aguarda julgamento.
+ “Na zona de Ndaula nos povoados de Cassupe e Nhamadende [Distrito de Macanga] que fazem fronteira com Malawi, os Líderes comunitários em coordenação com a polícia, mandam voltar aqueles que portam cartões de 2014 alegando que são Malawianos. No mesmo Distrito, no Posto Administrativo de Chizoromondo, os líderes comunitários mandam voltar eleitores eles julgam ser membros do Partido Renamo”, disse Magibire.
– O Boletim verificou e apurou que o que sucede no distrito de Macanga é que, em todos os postos, líderes comunitários auxiliam os brigadistas a identificar os membros residentes nos bairros sob sua direcção para evitar que estrangeiros que trabalham no distrito como camponeses se recenseiem. A medida, coordenada pelas autoridades do distrito, foi contestada pelo fiscal da Renamo na localidade de Cambedzo, o qual acabou expulsando os líderes do posto.
+ “No Posto Administrativo de Zambue (faz fronteira com Zâmbia), os líderes comunitários mandam voltar eleitores sem que tenham recenseado com a mesma alegação de que são estrangeiros” – afirmou a Renamo.
– Da verificação feita pelos nossos correspondentes, apurou-se que o único caso registado até o momento deu-se no posto nº 400 da EP1 de Zambue, onde um cidadão de origem zambiana casado com uma cidadã moçambicana quis recensear-se para ter uma documentação como moçambicano.
Segundo dados do Censo Geral da População e Habitação, (2017) malawianos são a maioria de estrangeiros residentes em Moçambique. Encontrando-se em comunidades rurais das zonas fronteiriças de Tete, nem todos têm documentos de identificação e o cartão de eleitor, que pode ser emitido com base em testemunhas verbais da população local, tem sido apetência de cidadãos malawianos para ter um documento de identificação moçambicano.