Após três semanas do recenseamento eleitoral, há cada vez menos pessoas acorrendo aos postos de recenseamento, conforme mostram os números publicados pelo STAE na manhã desta terça-feira. Embora algumas das zonas de fraca afluência sejam as atingidas pelo ciclone em Sofala, a maioria das zonas não foram afcetadas.
O recenseamento continua alto em Gaza, Manica, Cabo Delgado e baixo em Sofala, Niassa, Nampula, Tete e Zambézia.
O STAE estima que há 7 341 739 por recensear para as eleições de 15 de Outubro. O recenseamento tem a duração de 46 dias, o que significa que a meta diária do STAE é de recensear 2,17% de pessoas por dia, ou seja, 159 316.
Os dados divulgados hoje pelo STAE são referentes a 21 dias de recenseamento pelo que deviam ter sido recenseados 3 345 630 pessoas, correspondentes a 46%. Mas foram recenseados apenas 37%, correspondentes a 2 701 365 eleitores, o que significa 644 265 correspondentes abaixo da meta, conforme mostra a tabela disponível em https://cipeleicoes.org/wp-content/uploads/2019/05/Resenceamento_ate_-15-05-19.pdf.
Na semana passada, o STAE publicou dados de recenseamento de até 1 de Maio. Nos 4 dias subsequentes o STAE devia ter recenseado 637 263 pessoas mas apenas 564 708 foram recenseadas, indicando contínua redução.
Apenas três províncias estão acima da média de 46%: Gaza (55%), Manica (48%), e Cabo Delgado (47%).
Há uma grande diferença com as outras províncias, na ordem decrescente: Inhambane (38%), Zambézia (35%), Tete (33%), Nampula (33%) e Niassa (32%). Nas províncias restantes já se esperava que o recenseamento fosse baixo. É o caso de Sofala ((28%), devido ao ciclone e Maputo província (29%) e Maputo cidade (26%) pois a maioria da população foi recenseada no ano passado.
Desagregando os dados por género, o STAE refere que foram recenseadas 1 429 250 mulheres e apenas 1 272 115 homens.
Renamo reuniu-se com presidente da CNE para pedir demissão do director do STAE
Uma delegação do partido Renamo foi ao gabinete do presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Abdul Carimo, reclamar dos problemas de recenseamento eleitoral e pedir demissão do director geral do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), Felisberto Naife.
Liderada por José Manteiga, deputado e porta-voz do partido e por Maria Joaquina, também deputada e Directora do Gabinete de Eleições da Renamo, a delegação da Renamo disse que há dezenas de postos de recenseamento encerrados um pouco por todo o país devido à insuficiência de equipamentos como painéis solares e isto revela incapacidade do STAE em conduzir o processo eleitoral.
“Neste espaço de tempo em que os postos não estiveram a funcionar, milhares de moçambicanos perderam a oportunidade de recensear”, disse Manteigas. “Questionamos o presidente da CNE sobre que medidas serão tomadas pelo órgão para compensar o tempo em que estes postos estiveram paralisados”, acrescentou.
Uma pesquisa realizada por este Boletim sobre o funcionamento dos postos de recenseamento apurou que até ao dia 1 de Maio pelos menos 9% dos postos não estavam a abertos.
Segundo Manteigas, a maioria dos postos que não funcionam encontra-se em zonas de influência da Renamo. “Há todo um teatro para poder recensear menos gente possível em regiões sob a influencia da Renamo”, disse o porta-voz.
A Renamo apresentou dados de postos que alegadamente não funcionam. Na província de Sofala, cerca de 149 postos estão encerrados, segundo esses dados. No distrito de Chibabava, 7 dos 22 postos encontram-se encerrados. No distrito de Búzi, 10 dos 34 postos existentes não funcionam por falta de fontes de energia. Em Nhamatanda, dos 47 postos existentes, 32 não operam por falta de material eléctrico. Na província da Zambézia, 105 postos não funcionam, disse o porta-voz da Renamo. Na província de Manica, um total de 18 postos não funcionam, 16 em Sussundenga e 2 em Machaze. Na província de Cabo Delgado, por exemplo,18 postos não funcionam no distrito de Chiúre, 7 no distrito de Mocímboa da praia, 4 em Meluco e 2 em Palma.
Culpa do ciclone Idai
Abdul Carimo disse à imprensa que o não funcionamento dos postos arrolados pela Renamo deve-se à insuficiência de fontes de energias alternativas causada pela maior demanda deste equipamento em zonas afectadas pelo ciclone bem como a dificuldade de movimentação de algumas brigadas por conta da degradação das vias de acesso.