Um grupo de insurgentes voltou a atacar a população do posto administrativo de Quiterajo, distrito de Macomia. Os ataques iniciaram ontem por volta das 19 horas e se estenderam até às 4h de hoje. Em aproximadamente 10 horas, 6 pessoas foram assassinadas e dez raptadas. Além disso, cabanas construídas após o último ataque do dia 10 foram reduzidas à cinzas e famílias ficaram novamente desalojadas. A principal mensagem dos atacantes é que não querem pessoas a residir naquele local, o que significa que não haverá eleições nessa região.
Quiterajo é um dos quatro postos administrativos de Macomia (outros são Chai, Macomia-sede e Mucojo). Enquanto Chai e Macomia Sede estão situados no interior, ao longo da estrada principal N° 308, Mucojo e Quiterajo estão na zona costeira. São as regiões mais povoadas do distrito e também as mais devastadas por ataques.
Macomia inscreveu para as eleições de 15 de Outubro 53 mil pessoas e elege três mandatos para a Assembleia Provincial de Cabo Delgado, que tem total de 82 assentos.
Na abertura da campanha eleitoral, o Comandante Geral da Polícia, Bernardino Rafael, garantiu que a Polícia iria defender as zonas de ataques para permitir campanha eleitoral e eleições tranquilas. Mas desde o início da campanha, há 20 dias, já foram confirmados 6 ataques, uma média de um ataque a cada 3 dias.
A população de Quiterajo está sitiada na zona costeira, sem poder chegar à vila sede de Macomia, que distrai a cerca de 50 quilómetros para o interior. A única alternativa que a população tem encontrado para sair da região é navegar o oceano índico usando pequenas embarcações de pesca, para o norte, até alcançar a vila sede do distrito de Mocímboa da Praia. Paradoxalmente, no ataque de ontem os insurgentes incendiaram as embarcações que a população usa para sair da região dos ataques.
O Governo não tem prestado ajuda às comunidades para abandonar as zonas dos ataques, uma vez que defende que os mesmos devem prevalecer nas comunidades em troca da presença de forças de defesa e segurança nas aldeias. Mas a resposta das forças do Governo tem sido fraca para parar a investida dos insurgentes.
O ataque de ontem ocorreu um dia após a saída de Filipe Nyusi de Cabo Delgado, onde prometeu acabar com os insurgentes se for reeleito.
Simpatizantes da Renamo raptados em Manica
Marido e mulher, ambos simpatizantes da Renamo, foram dados como desaparecidos na madrugada desta quinta-feira no distrito de Tambara, Manica. O caso deu-se por volta das duas horas no povoado de Magotha, a 8 quilómetros da vila sede, reportam os nossos correspondentes.
Entretanto, as razões por detrás do seu desaparecimento não estão ainda claras. Vizinhos do casal disseram ao Boletim que na manhã do dia anterior os desaparecidos se recusaram a receber em sua residência o Administrador do distrito, Luís Lourenço, quando este fazia campanha porta-a-porta pela Frelimo.
“As 2h ouvimos um barulho estranho na residência e pensamos que fosse uma briga de casados, mas não se tratava disso. Quando fomos hoje às 6h ao local encontramos a porta aberta, a casa estava desorganizada e os vizinhos não estavam lá”, disse um vizinho do casal.
Os dois filhos do casal desaparecido estavam na localidade de Nhacolo na hora do sucedido. Souberam do desaparecimento dos pais através de vizinhos e regressaram na manhã de hoje ao povoado. “Estamos desesperados, não sabemos o que fazer”, disse um dos filhos.
Segundo apurou o Boletim, os vizinhos tentaram entrar em contacto com o casal, mas os seus números de celular encontram-se fora da rede. Os vizinhos comunicaram o sucedido aos líderes comunitários e estes encaminharam o caso à polícia. O Boletim tentou, sem sucesso, contactar as autoridades policiais locais.
Casos de desaparecimento de membros da população não são novos naquele ponto do país. Durante as hostilidades político-militares entre o Governo e a Renamo, muitos simpatizantes daquele partido foram raptados por desconhecidos.