Os partidos políticos estão a impedir livre cobertura da campanha eleitoral por jornalistas de rádios comunitárias. Três casos foram registados na cidade de Maputo e na província da Zambézia em que simpatizantes da Frelimo e da Renamo interferem de forma gravosa no trabalho dos jornalistas, impedindo-os do livre exercício da profissão.
“Captei algumas imagens com o meu celular e acho que isso terá incomodado as pessoas da Frelimo que arrancaram o meu telemóvel para apagar as imagens”, contou um jornalista da Rádio Comunitária Voz Coop. O caso deu-se na manhã de hoje, na cidade de Maputo.
Os simpatizantes da Frelimo retiveram o jornalista e indivíduos que se encontravam no local tiveram que intervir para que o jornalista, devidamente credenciado, fosse solto, apurou o Boletim.
No distrito de Milange, Zambézia, membros da Frelimo estão a impedir os jornalistas da Rádio Comunitária Thumbine de fazer a livre cobertura da campanha eleitoral, denunciou o Fórum Nacional de Rádios Comunitárias (FORCOM) em comunicado enviado ao Boletim hoje.
“O Secretário da Organização da Juventude Moçambicana (OJM) – braço da Frelimo em Milange, Xadreque Matias, contactou, no dia 16 de Setembro, o jornalista Zezito Chingamuca acusando a rádio de estar a favorecer os partidos da oposição em detrimento do seu. Como medida, impediu que o jornalista, na manhã de hoje (16.09.2019), cobrisse a campanha eleitoral da Frelimo no Posto Administrativo de Majaua”, denunciou o FORCOM.
“Outro caso envolve a Renamo. O Delegado deste partido, Joaquim Dinala, acusou o jornalista Beto Carlos, no dia 12 de Setembro, de fazer cortes nos seus discursos durante as emissões, beneficiando o partido Frelimo. Por outro lado, o MDM, no dia 13 de Setembro, através do seu delegado, Lino Caetano, alegou que a rádio estava a destacar mais as campanhas da Frelimo e da Renamo. O facto é que a rádio Thumbine editou apenas os discursos que incitavam a violência e ódio, em consonância com a Lei eleitoral, os estatutos e as regras de conduta das Rádios Comunitárias do FORCOM nos pleitos eleitorais”, referiu o FORCOM que condena a limitação do exercício de actividades de jornalistas das rádios comunitárias.