São reportados, um pouco por todo o país, casos de pessoas transportadas de pontos distantes e em condições inseguras, para encher os comícios orientados pelo candidato presidencial da Frelimo, Filipe Nyusi. Tais situações já estiveram na origem do acidente que custou vida a pelo menos 7 pessoas em Songo, no passado dia 22 de Setembro, quando um camião capotou de regresso a Mágoè – cerca de 140 km, donde partiu com pessoas para assistir ao comício de Nyusi. Hoje, em comício havido na cidade de Chimoio, Filipe Nyusi questionou aos presentes se alguém havia sido transportado de um lugar distante para participar do comício.
“Essas pessoas são só de Chimoio ou faram buscar em Sussundenga?”, questionou Nyusi à população durante o comício. “Haverá alguém que vai dizer que em Chimoio a Frelimo não tem apoiantes?”, continuou o candidato da Frelimo em tom de negação.
No caso do acidente de Songo, o Boletim entrevistou as vítimas sobreviventes do acidente que contaram que foram transportados de Mágoè para Songo, cerca de 140 quilómetros.
Depois do comício que dirigiu na cidade de Chimoio, Nyusi foi fazer campanha nos distritos de Bárue e Manica.
Neste último, um número considerável de funcionários públicos e população de diferentes localidades do distrito de Manica foi transportado em camiões para a vila sede de Manica na manhã de hoje (26 de Setembro) com vista a receber o candidato da Frelimo Filipe Nyusi e participar do seu comício, reportam os nossos correspondentes.
Ainda em Manica, funcionários públicos de vários sectores deixaram o distrito de Tambara na última quarta-feira (25 de setembro) para distrito de Barué,que dista 250 km, para participar da recepção de Filipe Nyusi.
Número considerável de óbitos em conexão com a campanha eleitoral se deve a acidentes de viação envolvendo simpatizantes da Frelimo que se movimenta de um lugar para o outro e transportado em carrinhas de caixa aberta, concebidas para o transporte de carga.
Em Moçambique, as pessoas são normalmente transportadas nestas condições e tem havido muitos acidentes fatais.
Campanha violenta e com intimidações em Tete e Manica
Indivíduos vestidos de trajes do partido Frelimo invadiram na última terça -feira (24 de setembro) a sede distrital do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) em Mange, distrito de Chiúta, Tete e agrediram a delegada do partido e outros membros e destruíram património do partido. O caso foi denunciado à Polícia mas não há detidos.
Segundo o presidente da Liga da Juventude do MDM, Bier Fortunato, a delegada distrital do partido, Anastácia Jossias e outros membros, Waissone Cornélio, Isabel e Maria Agosto, Holaria António, Inês Paulo e Carolina Augusto foram agredidos pelos invasores trajados de roupas de campanha da Frelimo.
A maioria das vítimas sofreu ferimentos ligeiros excepto Waissone Cornélio, que contraiu lesões graves e recebeu tratamentos no Centro de Saúde local.
Houve ainda destruição de material de propaganda eleitoral do MDM, panfletos e bandeira do partido.
Dada a gravidade da situação, o MDM expediu uma brigada provincial para analisar o estado das coisas e tomar medidas apropriadas.
Para o caso da agressão foi levantado o auto número 113/19 e outro com o numero112/19 em relação à vandalização das instalações e de bandeira pela Polícia.
Na povoação de Cahadire, na localidade de Furacungo, distrito de Macanga, Tete membros do MDM foram proibidos de fazer campanha eleitoral no pelo líder comunitário local e os chefes de dez casas. O caso deu-se na última quinta-feira (26 de setembro), quando o delegado político distrital, Atanásio Khewethe e sua caravana dirigiam-se naquele local em mais um dia de caça ao voto e foi confrontado com a informação de que não podia prosseguir com a campanha porque não tinha credencial. Khewethe entrou em contacto telefónico com a Polícia e para a Comissão Nacional de Eleições (CNE) a pedir sua intervenção, mas sem sucesso. Acabou por voltar sem realizar a campanha.
Nenhuma lei exige aos membros e simpatizantes de partidos políticos de ser credenciados para poder fazer campanha eleitoral.
A Lei nᵒ 2/2019, de 31 de Maio nos termos do artigo 210 pune com pena de prisão até seis meses e multa de três a seis salário mínimo nacionais aquele que impedir a realização de reunião, comício, cortejo ou desfile de propaganda eleitoral.
Em Manica, o delegado político da Renamo no distrito de Macossa, acusa simpatizantes da Frelimo de terem incendiado 4 residências de simpatizantes do seu partido na localidade de Dunda entre os dias 9 e 14 de Setembro.
“Isto é preocupante porque só está a acontecer com a Renamo”, disse o delegado ao Boletim.
Segundo nossos correspondentes, realmente quatro famílias viram suas casas incendiadas durante a noite. As razões do incêndio não são ainda conhecidas.
As residências incendiadas pertenciam a Gildo Borges Tiago, Juvêncio Bande, Serida Sixpence e Lenita Saidone. As vítimas, ouvidas pelo Boletim, acusam simpatizantes da Frelimo de estarem por detrás do sucedido.
“Por que isso não acontecia antes da campanha?” questionou Lenita cuja casa foi incendiada na madrugada do dia 9 de setembro.
No mesmo distrito, no posto administrativo de Nhamagua, simpatizantes da Frelimo são acusados de ter incendiado dois celeiros de milho e uma motorizada pertencentes a Juvêncio Bechane e Franze Binze respectivamente, ambos simpatizantes da Renamo, reportam os nossos correspondentes.
As autoridades policiais dizem ter conhecimento do caso, mas carece ainda de evidências.
Chefe de localidade condenado a 5 meses de prisão por destruir panfletos da Renamo
Em julgamento havido aos 24 de setembro, Alberto José Corrente, chefe da localidade de Nhaphale, posto administrativo de Charre, distrito de Mutarara, Tete, foi condenado a 5 meses de prisão por destruir panfletos da Renamo, reportam os nossos correspondentes. O visado terá ainda de pagar 10 meses de multa.
Na mesma província, simpatizantes da Renamo “capturaram” dois cidadãos localmente populares por serem dançarinos de Nhau, dança tradicional local, para a base militar da localidade de Nphulu, acusando-os de ter retirado bandeiras do partido da sua sede na tarde do dia 24 de setembro. O caso deu-se na localidade de Mphulu, distrito de Tsangano.