Ossufo Momade falou ontem (22 de Outubro) pela primeira vez sobre os resultados das eleições. Repetiu o que o seu partido já havia dito: não reconhece os resultados preliminares que vem sendo anunciados. Mas disse mais: exige explicação de Filipe Nyusi sobre o papel das Forças de Defesa e Segurança na fraude eleitoral.
“Que o Presidente da República na sua qualidade de Chefe de Estado, garante da Constituição da República e Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança esclareça publicamente a proveniência dos votos e urnas na posse dos membros da Frelimo, seu partido fora do circuito dos órgãos eleitorais e esclareça igualmente a quem servem as Forças de Defesa e Segurança que ostensivamente e com fundos públicos se posicionaram em prejuízo da vontade popular”, disse Ossufo Momade ao fim da sessão extraordinária da Comissão Política realizada menos de uma semana depois da votação.
Ossufo referiu na sua comunicação muitos aspectos que julga terem manchado as eleições. Falou inclusive da manipulação do recenseamento eleitoral, assunto que parecia tê-lo abandonado durante a campanha eleitoral.
“O recenseamento eleitoral foi caracterizado por exclusão de potenciais eleitores em algumas províncias e noutras a fabricação de eleitores fantasmas, com enfoque para Gaza e Cabo-Delgado e no sentido inverso a redução de potenciais eleitores em Maputo – Cidade, Zambézia, Niassa, Inhambane”, disse Ossufo.
Papel da segurança do Estado na manipulação de eleições
No processo de desmilitarização da Renamo, houve braço-de-ferro porque a Renamo exigia a integração dos seus homens armados no Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE). No acordo final de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração (DDR), nada consta sobre a integração dos homens armados da Renamo no SISE. Apenas nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e na Polícia. Ossufo voltou a ressuscitar o assunto, denunciando por mais de uma vez a intervenção do SISE nas eleições.
“Em relação a votação, foi caracterizada por elevada exclusão de eleitores de forma premeditada sob alegação de seus nomes não constarem nos respectivos cadernos, expulsão de delegados de candidatura nos momentos que antecederam a contagem enchimento de urnas, troca de urnas com apoio de agentes da polícia da República de Moçambique e do SISE, detenções arbitrárias de Delegados de Candidatura, recusa de emissão e entrega de editais e cópias de actas de Delegados de Candidatura, não afixação de editais nos locais de apuramento, divergência na contagem, materiais de apuramento fora dos sacos invioláveis e noutros casos de sacos invioláveis não selados, circulação de boletins de votos fora do circuito dos órgãos eleitorais”, disse o presidente da Renamo numa declaração que não permitiu perguntas dos jornalistas.
Ossufo terminou apelando intervenção da comunidade internacional para salvaguardar a paz em Moçambique.
“A Comissão Política da Renamo determina encetar diligências junto da sociedade moçambicana e da comunidade internacional de modo a encontrar soluções para a reposição da verdade eleitoral”, disse.