Gaza e Cabo Delgado são as únicas províncias que já registaram mais eleitores do que estava previsto e isso vai permitir que façam eleger mais 12 deputados da Assembleia da República, acima do que teriam. Gaza deverá ter mais 10 deputados e Cabo Delgado mais 2. As duas províncias são bastião da Frelimo. Em Gaza, particularmente, nenhum partido da oposição já conseguiu fazer eleger algum deputado. Zambézia, província bastião da oposição deverá perder pelo menos 6 deputados.
Recenseamento de 2019 idêntico ao dos anos anteriores
O número de eleitores inscritos até domingo dia 19 era de 63% da meta prevista pelo STAE. Se nos próximos 10 dias o recenseamento continuar a este ritmo, serão registados 82% eleitores da meta de inscrições prevista para este ano. Entretanto, 6.8 milhões de pessoas, metade dos potenciais eleitores, foram recenseados no ano passado para as eleições autárquicas. Estima-se, pois, que 6 milhões de eleitores serão registados neste ano. O total de 12.9 milhões de eleitores equivale a 91% de eleitores em idade adulta (ou que completem 18 anos até à data das eleições), um número quase idêntico ao dos anos anteriores. Em 2014 foram inscritos 89% dos eleitores e 90% em 2009.
O recenseamento continua a decorrer até 30 de Maio. A nossa projecção assume que, nos próximos 11 dias, haverá os mesmos níveis de inscrição em relação aos primeiros 35 dias.
A província do Niassa onde metade dos assentos no parlamento em 2014 pertencia à oposição terá o menor número de eleitores inscritos (79%). Nampula, onde a oposição é a maioria, inscreveu apenas 84% dos eleitores previstos. Prevemos que três províncias irão registar 85% de eleitores em idade adulta: a província de Sofala, onde a oposição teve uma maioria esmagadora no sufrágio de 2014 e as províncias de Inhambane e Maputo, onde a Frelimo obteve uma maioria esmagadora nas eleições de 2014.
A província da Zambézia, onde a oposição teve uma maioria e foi assolada por problemas durante o recenseamento está acima da média do número de eleitores inscritos. Todavia, prevemos que a província irá perder seis assentos na Assembleia da República.
Frelimo ganha mais assentos em Gaza e Cabo Delgado
A estimativa do número de eleitores em idade adulta em cada província e distrito teve como base os dados do censo de 2017. Entretanto, os números de eleitores inscritos tanto em Gaza (108%) como em Cabo Delgado (104%) superam os números de eleitores que o Censo de 2017 previa para aquelas províncias. Estas foram as duas províncias onde, em 2014, a Frelimo venceu com maioria mais elevada.
Esta diferença será significante se a eleição presidencial for muito renhida. Se agregados os números registados acima da média, equivaleriam a 300 000 eleitores, que representam 2,7% do total dos eleitores. Numa corrida eleitoral renhida, esse número é suficiente para evitar uma segunda volta nas presidenciais.
Nas eleições passadas, a zona rural da província de Gaza foi o centro do enchimento de urnas. A Renamo foi impedida de ter os delegados nas assembleias de voto onde foram reportados casos de afluências impossivelmente altas, acima de 95%, sendo todos os votos destinados ao partido Frelimo. Isto poderia estar associado aos questionáveis altos níveis de inscrição para, de forma inapropriada, aumentar os votos da Frelimo e do seu candidato presidencial Filipe Nyusi.