Desde o início da campanha eleitoral, população afectada pelo ciclone Idai em Sofala tem vindo a sofrer pressão por apoiar a oposição. Em alguns casos, líderes locais e membros de partido ameaçam retirar indivíduos do projecto comida pelo trabalho e, noutros, exigem cartões de eleitor em troca de donativos do Idai. Os casos ocorrem nos distritos de Búzi e Dondo, onde parte da população ressente-se dos efeitos do ciclone.
Na localidade de Bandua, distrito de Búzi, simpatizantes do MDM queixam-se de terem sido retirados do projecto “comida pelo trabalho”, introduzido após o período de emergência em consequência do ciclone IDAI, reportam os nossos correspondentes.
Os membros do MDM, alegam que a exclusão se deve ao facto dos mesmos terem participado na campnha do seu partido. Os lesados foram informados de que para voltarem a receber os donativos do Idai devem abandonar o MDM e se juntar à Frelimo, reportam os nossos correspondentes.
No distrito de Búzi, projecto comida pelo trabalho está a ser implementado pela Visão Mundial. “A gestão do projecto é feita pelos líderes comunitários, a informação que recebemos deles é que os indivíduos referidos foram retirados do programa por não trabalhar” disse em entrevista ao Boletim o Coordenador do Projecto na Visão Munidal.
Em Comunicado de Imprensa enviado ao Boletim, a Visão Mundial diz ter sido alertada sobre episódios de alegada politização da ajuda humanitária por si providenciada. “A World Vision-Moçambique está a investigar as alegações em alusão, como determinam os seus protocolos internos”, escreveu a organização.
No distrito de Dondo, membros da Frelimo recolhem cartões de eleitor da população em troca de donativos destinados às vítimas do ciclone Idai nos bairros Munhonha, Mussassa e 4 de Outubro, no posto administrativo de Mafambisse, distrito de Dondo, denunciou o delegado político da Renamo, Albano Luís.
Directora provincial de Educação em Nampula paralisa aulas para fazer campanha pela Frelimo em Nacala-a-Velha
Pelo menos três escolas foram encerradas e centenas de alunos não tiveram aulas ontem (23 de setembro) no distrito de Nacala-a-Velha alegadamente porque os professores foram mobilizados para uma reunião pela directora provincial de educação e desenvolvimento humano, Judite Massacula. Na reunião que decorreu na sala de Conferências do Canal Residencial em Nacala, Massacula, pediu aos professores e membros do Conselho de Escola que votassem na Frelimo e seu candidato nas eleições de 15 de Outubro.
Professores ouvidos pelo Boletim dizem terem sido obrigados a participar do evento pelos respectivos directores da escola.
“O meu director ameaçou, a mim e outros colegas dizendo que quem não viesse aqui perderia emprego”, disse um professor. “Até quando estaremos sujeitos a isto? questionou, e acrescentou que foi ao encontro para salvaguardar o pão de cada dia.