Já vai uma semana que o recenseamento está completamente paralisado nos distritos de Ibo, de Quissanga, Macomia, Mocímboa da Praia, Muidumbe, Palma, Mecufi, Metuge e cidade de Pemba. Alguns postos recomeçaram a operar mas ninguém se vai recensear devido às chuvas que se seguiram ao ciclone Kenneth. A situação pode levar o STAE a estender o prazo de inscrição cujo término é 30 de Maio corrente.
Na primeira semana a província de Cabo Delgado recenseou mais de 142 mil pessoas e na segunda semana o número de inscritos baixou para 80.866, uma diminuição de cerca de 50 mil pessoas. Na terceira semana, o número pode baixar ainda mais dado que as pessoas estão empenhadas e recomeçar a vida depois do ciclone e das chuvas torrenciais que se seguiram.
O STAE tem como meta recensear pouco mais de 640 mil pessoas em Cabo Delgado mas 200 mil estão directamente afectadas pelo ciclone e cheias, segundo o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC). Destas, cerca de 20 mil pessoas vivem em 38 centros de acomodação criados em 9 distritos e cidade de Pemba.
Como mostrou a experiência da província de Sofala no pós-Idai, reestabelecer a vida das comunidades para permitir o recenseamento após ciclone pode levar mais de um mês. Isto significaria que até 30 de Maio, último dia de recenseamento, ainda não haveria condições para inscrever plenamente pessoas em locais como Ibo, Quissanga, Macomia, Mecufi e até a cidade de Pemba.
Falando num programa de televisão na STV, que debateu as primeiras duas semanas de recenseamento, o porta-voz do STAE, Cláudio Langa, admitiu a dificuldade de recensear as pessoas no tempo que falta em algumas zonas severamente afectadas pelo ciclone em Cabo Delgado. Guilherme Mbilana, representando um grupo alargado de organizações da sociedade civil que trabalham na observação eleitoral e Borges Nhamire, representando este Boletim, concordaram que estender o prazo de recenseamento poderia ser uma alternativa para Cabo Delgado.
Abaixo das metas
Em duas semanas, o STAE recenseou um milhão e setecentas pessoas (1.706.362), o que corresponde a 23% do total previsto que é de sete milhões e trezentas pessoas (7.341.735).
Mantendo este ritmo, até ao final do período do recenseamento seriam inscritas 70% da meta prevista, muito abaixo da média dos últimos anos que é de 90%. O STAE espera aumento de afluência nas últimas semanas mas a capacidade de resposta tanto dos técnicos como das máquinas pode ser abaixo da demanda. Ao todo o STAE espera ter recenseadas 14 milhões de eleitores para as eleições de 15 de Outubro deste ano. Isto inclui a soma dos pouco mais de 6 milhões recenseados no ano passado nos distritos com autarquias.