O Centro Internacional Anticrise da Rússia (IAC), que já interveio nas eleições sul-africanas, está actualmente a apoiar a Frelimo nas eleições moçambicanas. Um relatório desta organização tem sido publicado por apoiantes da Frelimo em suas páginas das redes sociais, apresentando resultados de uma suposta sondagem de preferências dos eleitores moçambicanos, que favorecem a Frelimo em números surreais.
A lei eleitoral moçambicana proíbe a publicação de sondagens durante o período de campanha eleitoral. Como em muitos países, o legislador protege a liberdade de escolha das pessoas através da proibição de publicação antecipada de resultados com base em sondagens.
De acordo com a IAC, 3124 pessoas foram entrevistadas em Moçambique no mês de Setembro acerca da sua opinião sobre a Frelimo. Os apoiantes da Frelimo gostaram claramente dos resultados das sondagens e estes foram amplamente publicados em suas páginas do Facebook e noutras redes sociais.
A lei eleitoral (artigo 216 da Lei n. 2/2019, de 31 de Maio) deixa claro que a publicação de sondagens durante a campanha eleitoral pode ser punida com até 1 ano de prisão. Por acaso, irá a Procuradoria Geral da República investigar o assunto?
O mais provável é que a sondagem publicada seja mais uma fake news. Os dados são bastante suspeitos, uma vez que o Presidente Filipe Nyusi teve uma classificação alta em termos de popularidade em Nampula controlada pela oposição do que em Gaza, que é bastião da Frelimo.
A Rússia já tentou influenciar várias eleições pelo mundo, incluindo a de Donald Trump nos Estados Unidos e, recentemente, o Brexit. O país apoiou ainda o ANC na África do Sul de acordo com o jornal britânico The London Guardian. https://www.theguardian.com/world/2019/may/08/documents-suggest-russian-plan-to-sway-south-africa-electio
Notícia de outros observadores:
“Campanha pacífica mas com incidentes”
A plataforma Sala da Paz considera que a campanha eleitoral foi marcada por eventos pacíficos, mas com algumas ressalvas. Segundo a plataforma, a campanha eleitoral tem estado a evidenciar-se pela ocorrência de casos de acidentes, incidentes e actos de violência que tendem a ser sangrentos com um saldo bastante elevado em termos de vítimas humanas, feridos graves e ligeiros, destruição de bens públicos e privados, como temos vindo a reportar.
Por um lado, a Sala da Paz destaca acidentes, incide antes e ataques em Cabo Delgado e na região Centro do País como tendo manchado a campanha.
“Estima-se que pelo menos 27 pessoas tenham sido mortas desde que a campanha iniciou no dia 31 de Agosto e pelo menos 21 contraíram ferimentos”, avançou Sheila Manjate no que se refere aos dados sobre os ataques armados.
Do lado positivo, a Sala da Paz refere que a campanha foi marcada por um ambiente festivo, de forte interação entre os partidos políticos, potenciais eleitores e a população em geral, convivência pacífica entre os partidos políticos e uma grande mobilização de membros, simpatizantes e potenciais eleitores que estão a aderir em massa às caravanas dos partidos políticos.