Três observadores deste boletim, dois deles devidamente credenciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), como Observadores Nacionais do Centro de Integridade Pública (CIP) foram agredidos e confiscados telemóveis que usam para o seu trabalho, ao longo da semana finda.
Os casos se deram nos distritos de Chigubo, na província de Gaza, Mulevala, na Zambézia e Tambara, em Manica. Em um dos casos o CIP teve de enviar advogado para negociar a restituição dos equipamentos dos observadores que foram encaminhados à Polícia. No caso de Chigubo, o nosso Observador está a sofrer ameaças de morte por simpatizantes da Frelimo e viu-se obrigado a abandonar a sua residência. Antes disto foi agredido, confiscado telemóvel e encaminhado à Polícia. Depois de apresentar a credencial à Polícia, seu telemóvel lhe foi devolvido, mas com ordem de nunca cobrir a campanha da Frelimo.
Em Tambara, um correspondente do Boletim devidamente credenciado foi intimado na passada sexta-feira (20 de Setembro) para uma audição na esquadra distrital de Tambara acusado pela Frelimo de ser informante da Renamo. Em sua defesa, o jornalista apresentou a sua credencial de observador explicou o âmbito das suas actividades. Entretanto, o mesmo foi proibido de cobrir a campanha da Frelimo.
O mesmo já havia sido proibido de cobrir a campanha da Frelimo pelo secretário do comité distrital do partido, Armindo Baulene. O caso deu-se na passada terça-feira, dia 17 de Junho. “Se continuar a cobrir vou preso ou minha família vai se arrepender”, disse o jornalista fazendo alusão as ameaças feitas pelo secretário.
Em Mulevala, Zambézia, membros da Frelimo confiscaram o telemóvel de um observador do CIP quando este captava imagens de panfletos no mercado da vila sede do distrito, tendo sido depois notificado pela polícia. O CIP enviou advogado para poder recuperar o telemóvel e dar seguimento legal ao caso.
Nesta última província, a Comissão Provincial de Eleições (CPE) ainda não respondeu ao pedido de emissão de credenciais remetido pelo CIP aquele órgão.
Em todos os casos, os simpatizantes da Frelimo acusam os observadores do CIP de ser “espiões da Renamo”, sem nunca apresentar evidências.
Os observadores do CIP tem estado a cobrir a campanha de todos os partidos políticos, expondo as irregularidades praticadas por todos.
Detidos por vandalizar material de campanha da Frelimo
Dois cidadãos foram detidos, semana passada, acusados de vandalizar material de propaganda da Frelimo. As detenções ocorreram em casos separados em Inhambane e Zambézia. No caso da Zambézia, o detido é membro e delegado adjunto do MDM no distrito de Luabo, José Giua.
Giua foi detido na segunda-feira, alegadamente, porque um simpatizante do seu partido teria afixado um cartaz do MDM sobre outro da Frelimo. O caso deu-se na vila sede do distrito e na altura da sua detenção Giua encontrava-se reunido na sede do seu partido.
Segundo apurou o Boletim, o delegado foi mantido na cela no comando distrital da Polícia desde segunda-feira, tendo sido ouvido sexta-feira pelas 8h (19 de Setembro) no comando distrital. Por razões até então desconhecidas, José Giua foi transferido para o vizinho distrito de Chinde.
Este não é o primeiro caso de sobreposição de panfletos de partidos políticos em Luabo. Curiosamente, foi até aqui o único que mereceu actuação da Polícia. Na semana finda, simpatizantes da Frelimo colaram um cartaz do seu partido por cima de outro do MDM e ninguém foi detido.
A segunda detenção ocorreu no distrito de Govuro, Inhambane. Um jovem foi recolhido às celas da Cadeia Distrital de Govuro, na última quarta-feira (18 de Setembro), acusado de rasgar panfletos do partido Frelimo que estavam colados em árvores e postes de energia.
De acordo com Pelágio de Almeida, Chefe das Operações na Polícia em Govuro, a detenção seguiu-se a uma denúncia por alguém que passava do local e participou o caso à Polícia.
Pelágio Almeida disse que já foi lavrado auto de acusação e encaminhado ao Ministério Público dar seguimento.
Desde o início de campanha não há registo de detenções por vandalizar panfletos de partidos da oposição.